Seres Humanos vivendo as Mudanças Climáticas
Lesandro Ponciano
17 de junho de 2023
O tópico das mudanças climáticas requer atenção de todos nós. Meu interesse nesse tópico aumentou em 2020 com o evento climático na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais. Em Janeiro de 2020, observamos grandes chuvas e alagamentos em Belo Horizonte. Nessa ocasião, o alagamento foi bem além dos locais conhecidos como de alagamento frequentes: como barreiro, tereza cristina e vilarinho. Janeiro de 2020 foi o mês que mais choveu em Belo Horizonte nos últimos 110 anos. A última vez que eu presenciei algo semelhante foi em Março de 2005, quando a minha cidade natal, no leste de Minas Gerais, sofreu com fortes chuvas. Grande parte do centro da cidade ficou alagada, pontes caíram, pessoas morreram em deslizamentos de terra nas regiões mais altas.
No dia 07 de junho de 2023, eu estive visitando a unidade da PUC Minas em Contagem. Fiz uma apresentação intitulada “Computação, Cognição e Comportamento no contexto das Mudanças Climáticas”. A apresentação faz parte de uma série de eventos chamada ICEI Talks. Os slides e a gravação da apresentação estão disponíveis. Em março de 2023, fiz uma apresentação no mesmo contexto no Laboratório de Sistemas Distribuídos da UFCG. No ICEI Talk, falei de forma ampla, pois a audiência era majoritariamente alunos do primeiro e segundo períodos do curso de Sistemas de Informação. Na UFCG, eu aprofundei a discussão um pouco mais. Lá eu abordei resultados das minhas pesquisas em andamento, dado que a audiência era formada basicamente por pesquisadores.
Entre os anos de 2009 e 2012, eu fiz uma passagem marginal pelo contexto do aquecimento global e mudanças climáticas. Na época, eu estudava economia de energia em sistemas computacionais. Esse foi o tema do meu mestrado em Ciência da Computação. Ao abordar a economia de energia, havia duas opções de enquadramento para motivar a pesquisa. Uma opção era destacar o benefício econômico que a economia traria para as empresas; na época isso era chamado de Business Driven IT Management (BDIM). A outra opção era destacar o benefício ambiental de produzir sistemas computacionais que consomem menos energia. Optei pelo segundo enquadramento, o que na época era contextualizado como “Computação Verde” ou “Green Computing”.
A partir do ano de 2012, minhas pesquisas passaram a ser influenciadas fortemente por estudos sobre fatores humanos. Essa também é a ênfase que tenho dado aos estudos em mudanças climáticas. Estou interessado em como as pessoas estão se “comportando” nesse contexto. Temos conhecimento dos efeitos das mudanças climáticas por meio de notícias de eventos climáticos distantes ou pela experiência de eventos locais. Mas como essa presença de eventos associados a essas mudanças tem nos impactado?
A forma de enquadrar computação e fatores humanos nesse contexto ainda está para ser melhor lapidado. Tenho enquadrado a partir de comportamentos humanos emergentes em sistemas computacionais. Os sistemas sociotécnicos de geração de conteúdo por usuários, além de serem cenário para debate de ações climáticas de mitigação e adaptação, também são ambiente de percepção de sinais dos efeitos das mudanças climáticas sobre as pessoas. Assim, dito de forma ampla, minhas análises focam em (1) como os sistemas computacionais são usados em situações de eventos extremos, (2) aprendizados de pesquisas de fenômenos associados ao uso, incluindo comportamento e cognição, e (3) novos modelos algorítmicos explicativos para tais pesquisas. Na apresentação que fiz no ICEI Talk, eu falei da teoria da racionalidade limitada, das distâncias psicológicas e da ansiedade climática. São opções promissoras e possíveis de se analisar por meio de sistemas computacionais. Esse é basicamente um compilado de tópicos interessantes que têm surgido na literatura.
Penso que essa análise de como o ser humano tem percebido e vivido as mudanças climáticas envolve um estudo arqueológico. Arqueologia trata do passado, mas também do presente. O sentido deste termo está em reunir materiais, dados, conectá-los para reconstruir o ambiente para entender suas características. Algoritmos que permitam gerar modelos explicados ressaltados por hipóteses e teorias podem contribuir muito neste tipo de análise, principalmente quando ela é feita a partir de dados digitais. Este tipo de estudo impõe desafios até mesmo para a área de computação. Por exemplo, são necessários mecanismos para associar informações fragmentadas, reconstruir o contexto delas. Também é necessário considerar os efeitos do ambiente do sistema em que são publicadas como Camera de Eco e Espiral do Silêncio.
Enfim, este é um tópico sobre o qual tenho me debruçado. Devo escrever mais sobre ele na medida em que aprendo ou tenho resultados das pesquisas.
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